A estratégia de escaneamento influencia a precisão dos scanners intraorais?

O avanço das tecnologias digitais na odontologia tem transformado diversas práticas clínicas, especialmente com a utilização de scanners intraorais (IOS). Esses dispositivos oferecem uma alternativa moderna aos moldes tradicionais, proporcionando maior conforto e precisão para os pacientes. No entanto, o sucesso no uso dessas tecnologias está intimamente ligado à estratégia de escaneamento utilizada pelos profissionais.

Um estudo recente, publicado no Dentistry Journal, investigou como diferentes estratégias de escaneamento podem impactar diretamente a precisão dos scanners intraorais. Esse estudo é de extrema importância para cirurgiões-dentistas, uma vez que a escolha da estratégia correta pode otimizar os resultados clínicos e evitar possíveis erros nos tratamentos.

A importância do estudo sobre a precisão dos scanners intraorais.

À medida que os scanners intraorais se tornam uma ferramenta comum nas clínicas odontológicas, a busca por maximizar sua precisão torna-se fundamental. Um escaneamento digital de qualidade pode evitar retrabalhos, melhorar a comunicação com laboratórios e otimizar o tempo de tratamento. Em ortodontia, por exemplo, a precisão é essencial para a confecção de aparelhos e alinhadores dentários.

Este estudo foi desenvolvido com visando explorar as melhores estratégias de escaneamento e sua relação com a precisão das impressões digitais, um fator que ainda não foi amplamente investigado. Os resultados trazem insights valiosos para melhorar a prática clínica de dentistas que utilizam scanners intraorais.

Por que a escolha da estratégia de escaneamento dos scanners intraorais é relevante?

Ao captar imagens tridimensionais da arcada dentária, o scanner intraoral utiliza uma técnica conhecida como “costura de imagens”, na qual múltiplas imagens são fundidas para criar um modelo digital. Movimentos bruscos ou rápidos do scanner podem comprometer essa costura, resultando em uma impressão de baixa precisão.

O uso da estratégia correta é fundamental para garantir que a precisão dos modelos seja adequada para diagnósticos e tratamentos, evitando erros que podem comprometer a confecção de aparelhos, próteses ou outros dispositivos odontológicos. Por isso, entender como a estratégia de escaneamento afeta a precisão dos scanners intraorais é essencial para os profissionais da área.

Como foi realizado o estudo sobre a precisão dos scanners intraorais?

Os pesquisadores utilizaram 15 modelos de arcada mandibular de pacientes pós-tratamento ortodôntico para testar três diferentes estratégias de escaneamento. Os modelos foram escaneados utilizando o scanner intraoral Medit i500, e os dados foram comparados com um modelo padrão gerado por um scanner de laboratório, considerado o “padrão ouro”.

As estratégias de escaneamento avaliadas foram:

  • Estratégia A: recomendada pelo fabricante, com movimento contínuo sobre as superfícies oclusais, seguido por movimentos alternados entre as superfícies labiais e linguais.
  • Estratégia B: escaneamento contínuo, sem interrupções, iniciando pela superfície vestibular e seguindo pelas oclusais e linguais.
  • Estratégia C: escaneamento com movimento labial-lingual contínuo, realizado da esquerda para a direita.

Cada uma dessas estratégias foi repetida duas vezes por dois examinadores diferentes, totalizando 180 modelos digitais. Os modelos foram então comparados aos padrões por meio de um software especializado (Viewbox 4), que calculou as distâncias entre as superfícies digitais e os modelos padrão, medindo a veracidade (trueness) e a precisão de cada estratégia de escaneamento.

Resultados do estudo sobre as estratégias de escaneamento com scanners intraorais.

Os resultados mostraram que a estratégia de escaneamento recomendada pelo fabricante (Estratégia A) apresentou a maior precisão, com um erro médio de cerca de 37,5 µm, considerado clinicamente aceitável para a maioria dos procedimentos. As estratégias B e C, embora também apresentassem bons resultados, mostraram índices de erro ligeiramente maiores.

  • A estratégia A foi mais consistente entre os dois examinadores, sugerindo que essa abordagem é depende menos da experiência do operador.
  • A estratégia C, apesar de ser a mais rápida, foi a menos precisa das três estratégias testadas e mostrou maior sensibilidade à habilidade do examinador.
  • Todas as estratégias testadas geraram modelos com precisão suficiente para diagnósticos ortodônticos, com erros abaixo de 50 µm.

O estudo concluiu que a Estratégia A é a melhor escolha para obter impressões digitais mais precisas, sendo a diferença de 6 a 7 µm em relação às outras estratégias clinicamente insignificantes. No entanto, o uso da estratégia recomendada pode garantir mais consistência e minimizar a possibilidade de erros durante o escaneamento.

Os resultados deste estudo têm um impacto significativo para os cirurgiões-dentistas que utilizam scanners intraorais em suas práticas. Seguir a estratégia recomendada pelos fabricantes pode levar a impressões digitais mais precisas, resultando em um melhor ajuste de próteses, alinhadores ortodônticos e outros dispositivos odontológicos.

Com a adoção cada vez mais ampla de fluxos de trabalho digitais na odontologia, entender como utilizar corretamente essas ferramentas tecnológicas é fundamental para garantir tratamentos mais eficientes e de alta qualidade. A precisão dos modelos digitais pode melhorar a satisfação dos pacientes e reduzir a necessidade de ajustes em etapas posteriores do tratamento.

Para mais detalhes sobre o estudo e as diferentes estratégias de escaneamento, convidamos você a acessar o artigo completo através do link abaixo:

The Effect of Scanning Strategy on Intraoral Scanner’s Accuracy

Dr. Maurício Barriviera
Prof. Dr. Maurício Barriviera – CRO DF 4839
Doutor em Ciências da Saúde – Radiologia.
Diretor Técnico/Proprietário do Grupo Fenelon – Diagnósticos Odontológicos por Imagem.
Como revisor científico da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica – SBPqO, tem se destacado como atuante no campo de pesquisas odontológicas.
Foi presidente da Associação Brasileira de Radiologia Odontológica e Diagnóstico por Imagem – ABRO – na gestão 2020/2023.