CBCT vs. Radiografia periapical na detecção de fraturas radiculares verticais. 

A fratura radicular vertical (FRV) é um dos desafios mais complexos na endodontia, podendo levar à perda dentária caso não seja diagnosticada corretamente. Entre os métodos de imagem utilizados, a radiografia periapical (PA) e a tomografia computadorizada de feixe cônico (CBCT) são amplamente empregadas. Mas qual dessas técnicas é mais precisa? 

 Um estudo recente publicado na BMC Medical Imaging (Shokri et al., 2024) realizou uma revisão sistemática e meta-análise comparando a eficácia dessas duas modalidades na detecção de FRVs. Vamos explorar os principais achados e suas implicações para a prática clínica. 

Principais Descobertas do Estudo 

  • A CBCT apresentou uma sensibilidade de 0,70 e uma especificidade de 0,84 para a detecção de FRVs. 
  • A radiografia periapical teve sensibilidade de 0,51 e especificidade de 0,87. 
  • A CBCT se mostrou superior em termos de sensibilidade, ou seja, tem mais chances de detectar corretamente uma fratura radicular. 
  • No entanto, a especificidade das duas modalidades foi semelhante, o que significa que ambas possuem eficácia semelhante em evitar falsos positivos. 
  • O estudo enfatiza que a CBCT pode ser afetada por artefatos, especialmente em dentes tratados endodonticamente com pinos metálicos ou materiais radiopacos. 

Observação 

  • Sensibilidade é a capacidade do exame de detectar corretamente as fraturas quando elas realmente existem. Por exemplo, uma sensibilidade de 0,70 significa que, a cada 100 fraturas reais, o exame identifica corretamente 70. 
  •  Especificidade é a capacidade do exame de confirmar que não há fraturas quando realmente não existe. Uma especificidade de 0,84 indica que, a cada 100 dentes sem fraturas, o exame identifica corretamente 84 como saudáveis.  

Impacto na prática odontológica 

Com base nos resultados do estudo, podemos concluir que a CBCT pode ser mais vantajosa para a detecção de FRVs, especialmente em casos onde a radiografia periapical não fornece um diagnóstico conclusivo.  

Na Fenelon, os exames de tomografia computadorizada de feixe cônico são realizados em equipamentos de alta resolução, que oferecem imagens capazes de diagnosticar fraturas com doses otimizadas de radiação, sempre conforme indicação clínica. 

Ressalta-se que a realização de qualquer exame deve ser indicada exclusivamente por um cirurgião-dentista, de acordo com a necessidade de cada caso.  

Quando usar CBCT? 

  • Casos em que a FRV não é claramente visível na radiografia periapical. 
  • Dentes sem tratamento endodôntico, pois a CBCT tem melhor desempenho nesses casos. 
  • Situações em que a avaliação tridimensional pode fornecer informações mais detalhadas sobre o comprometimento ósseo e extensão da fratura. 

Quando optar pela radiografia periapical? 

  • Quando se deseja minimizar a exposição à radiação. 
  • Em dentes com pinos metálicos, onde os artefatos podem comprometer a qualidade da CBCT. 
  • Para um exame inicial antes de decidir por uma CBCT. 

A CBCT deve substituir completamente a radiografia periapical na detecção de FRVs? 

Não necessariamente. Embora a CBCT tenha maior sensibilidade, sua utilização deve ser criteriosa, levando em conta fatores como custo, disponibilidade e necessidade de exposição à radiação. 

A CBCT pode gerar falsos positivos devido a artefatos? 

Sim. Materiais radiopacos como pinos metálicos e seladores endodônticos podem gerar artefatos que dificultam a interpretação das imagens. 

Qual a recomendação para casos duvidosos? 

Se a radiografia periapical não fornecer um diagnóstico claro, a CBCT pode ser indicada como exame complementar para confirmar a presença de uma FRV. 

Conclusão 

A tomografia computadorizada de feixe cônico mostrou-se mais sensível na detecção de fraturas radiculares verticais do que a radiografia periapical, tornando-se uma ferramenta valiosa para o diagnóstico preciso. No entanto, deve-se levar em conta as limitações da CBCT, como artefatos e maior dose de radiação. 

Para mais detalhes, consulte o artigo completo: Shokri et al., 2024. Is cone-beam computed tomography more accurate than periapical radiography for detection of vertical root fractures? A systematic review and meta-analysis. DOI: 10.1186/s12880-024-01472-5. 

 

Dr. Maurício Barriviera
Prof. Dr. Maurício Barriviera – CRO DF 4839
Doutor em Ciências da Saúde – Radiologia.
Diretor Técnico/Proprietário do Grupo Fenelon – Diagnósticos Odontológicos por Imagem.
Como revisor científico da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica – SBPqO, tem se destacado como atuante no campo de pesquisas odontológicas.
Foi presidente da Associação Brasileira de Radiologia Odontológica e Diagnóstico por Imagem – ABRO – na gestão 2020/2023.