Detecção de fraturas radiculares por 3 tomógrafos diferentes 

As imagens obtidas pela tomografia computadorizada são as mais indicadas para o diagnóstico de fraturas radiculares verticais (FRVs) se comparadas às imagens em 2D (radiografia panorâmica e periapical), as quais não fornecem informações adequadas, principalmente em dentes tratados endodonticamente.9,10

Entretanto, a precisão das imagens de TCFC para detectar tais fraturas é maior em dentes não obturados do que em raízes tratadas.1,3,11,12 Além disso, pode haver diferenças entre diferentes tipos de tomógrafos.

Neste texto, apresentamos uma avaliação do desempenho de três aparelhos de tomografia computadorizada de feixe cônico (CBCT) na detecção de fraturas radiculares verticais (VRFs) em dentes preenchidos com diferentes selantes. Confira!

O que são fraturas radiculares verticais?

As fraturas radiculares verticais são lesões caracterizadas pela presença de uma fissura ou fratura ao longo do comprimento da raiz do dente. Elas podem ocorrer em qualquer dente, embora sejam mais comuns nos dentes posteriores, como os molares.

Suas causas são variáveis, mas podem incluir:

  • forças excessivas aplicadas aos dentes na mastigação,
  • presença de restaurações extensas,
  • tratamento endodôntico prévio,
  • desgaste dental avançado,
  • traumas dentários.

Pensando em abordar a melhor técnica de diagnóstico por tomógrafo, apresentamos neste texto uma comparação entre 3 modelos de aparelho para a detecção de fraturas radiculares. Acompanhe!

Quais foram os tomógrafos utilizados no estudo?

Os aparelhos foram:

  1. I-CAT — software Xoran i-CAT (EUA);
  2. ORTHOPHOS XG — software Galileus XG (Alemanha);
  3. PreXion 3D — software PreXion 3D Viewer (EUA).

Quais foram os resultados da comparação entre os tomógrafos?

Os pesquisadores visualizaram primeiramente o eixo axial e depois os cortes coronal e sagital, concordando com outros estudos.4,7 Os dados considerados foram a média do que foi observado por três examinadores e os resultados estão abaixo!

Especificidade — O Prexion obteve o melhor resultado!

Sensibilidade — O Orthophos XG obteve o pior resultado!

Taxa de falso-negativo — O Orthophos XG obteve o pior resultado!

Taxa de falso-positivo — O Orthophos XG obteve o pior resultado!

Previsibilidade positiva — O Prexion obteve o melhor resultado!

Além disso, ficou evidenciado que os cimentos do tratamento endodôntico não afetaram significativamente o diagnóstico de fraturas radiculares, independentemente do aparelho utilizado — o que já foi relatado em diversos.3,13–15

Todavia, a presença de radiopacificadores e outras substâncias químicas nas formulações, como óxido de bismuto, subcarbonato de bismuto, sulfato de bário e óxido de zinco, presentes nos selantes podem levar a diferenças de densidade, podendo simular linhas da fratura acarretando em resultados falso-positivos.

Por fim, a linha hipodensa da fratura é visualizada em múltiplos planos em uma reconstrução de corte fino e o corte axial da raiz é o mais adequado para detectar FRVs.6,7, 10.

Já quando se observa a curva ROC — referente ao diagnóstico de fratura radicular — em dentes obturados com cimento endodôntico (independentemente do tipo de cimento utilizado) e guta-percha, observa-se que a maior precisão foi obtida com o dispositivo PreXion.

Neste mesmo gráfico (abaixo), os dispositivos i-CAT e OrthoPhos XG indicando desempenho normal e ruim.

Estudos 1, 2, 3 e 4, respectivamente.

Conclusão

O estudo concluiu que os cimentos endodônticos não influenciam na detecção de fraturas radiculares verticais e que o aparelho PreXion foi o mais preciso, devido ao maior valor de especificidade. Entretanto, não devemos esquecer que os materiais radiopacos podem afetar o diagnóstico de FRVs, por levarem a resultados falso-positivos.

Para o diagnóstico de trincas e fraturas, de preferência para tomógrafos de alta resolução, imagens com campo de aquisição reduzida a fim de reduzir os artefatos e melhorar a acurácia no diagnóstico.

Acesse o artigo científico para informações mais detalhadas:

Alessandra Freitas e Silva, Belkiss Mármora, Maurício Barriviera, Francine Kühl Panzarella5, Ricardo Raitz

Dr. Maurício Barriviera
Prof. Dr. Maurício Barriviera – CRO DF 4839
Doutor em Ciências da Saúde – Radiologia.
Diretor Técnico/Proprietário do Grupo Fenelon – Diagnósticos Odontológicos por Imagem.
Como revisor científico da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica – SBPqO, tem se destacado como atuante no campo de pesquisas odontológicas.
Foi presidente da Associação Brasileira de Radiologia Odontológica e Diagnóstico por Imagem – ABRO – na gestão 2020/2023.