Avaliação do seio maxilar com Tomografia Cone Beam na implantodontia
A implantodontia moderna depende fortemente de um planejamento cirúrgico preciso, principalmente em regiões anatomicamente complexas como a maxila posterior. O seio maxilar, porção pneumatizada do osso maxilar, representa uma área de especial interesse na reabilitação com implantes dentários. Suas variações anatômicas e condições patológicas associadas podem interferir diretamente no planejamento e no sucesso dos implantes.
A Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico, ou Cone Beam, tem se consolidado como o exame de eleição na avaliação tridimensional da região do seio maxilar. A capacidade de gerar imagens de alta resolução com baixa distorção geométrica permite uma análise detalhada da anatomia local, contribuindo para reduzir riscos e aumentar a previsibilidade clínica.
Justificativa para a avaliação pré-operatória do seio maxilar
O conhecimento sobre a anatomia do seio maxilar é essencial na implantodontia, sobretudo quando há indicação de enxerto óssea ou elevação do assoalho do seio. Variações como septos ósseos, espessamento da membrana sinusal, hipoplasias, pneumatizações assimétricas e presença de cistos ou lesões inflamatórias podem dificultar o procedimento ou contraindicá-lo temporariamente.
A radiografia panorâmica, tradicionalmente empregada na fase inicial do planejamento, é limitada pela sobreposição de estruturas, falta de profundidade e baixa acurácia para mensuração volumétrica. Por isso, a Tomografia Cone Beam passou a ser recomendada como padrão ouro para avaliações tridimensionais em implantodontia.
Em estudo publicado em 2024 no periódico Diagnostics, pesquisadores analisaram tomografias Cone Beam de 300 pacientes candidatos a implantes dentários com foco em variações anatômicas e alterações patológicas no seio maxilar. A análise revelou que mais de 70% das imagens apresentavam algum tipo de variação, sendo as mais comuns:
- Espessamento da mucosa (>2 mm);
- Presença de septos ósseos;
- Cistos mucosos;
- Hipoplasia sinusal;
- Presença de polipóides.
O espessamento da mucosa sinusal foi o achado mais frequente, ocorrendo em cerca de 40% dos casos, seguido pela presença de septos ósseos em aproximadamente 25%. Essas alterações podem interferir diretamente no planejamento cirúrgico, exigindo modificações na técnica ou abordagem.
A detecção precoce dessas variações é fundamental para reduzir riscos de perfuração da membrana sinusal, falhas de enxerto ou infecção pós-operatória. O uso da tecnologia permite uma visão detalhada da espessura da mucosa, da presença e localização de septos, bem como da proximidade com estruturas vitais como o canal infraorbitário.
Importância da Tomografia Cone Beam na implantodontia
A Tomografia Cone Beam é considerada atualmente a modalidade mais precisa para a avaliação de estruturas ósseas e anatômicas na região maxilar. Sua capacidade de gerar cortes multiplanares permite uma análise volumétrica detalhada, fundamental para determinar a altura óssea residual e planejar a angulação e comprimento dos implantes.
Com o apoio da Cone Beam, o profissional pode determinar a necessidade de enxerto ósseo, avaliar a estabilidade primária esperada do implante, planejar a abordagem cirúrgica (acesso lateral ou osteôstico) e prever eventuais complicações. Além disso, a identificação de condições inflamatórias ou infecções silenciosas permite o tratamento precoce antes da instalação do implante, aumentando as taxas de sucesso.
A qualidade da imagem gerada pela Cone Beam também contribui para o planejamento digital, integração com softwares CAD/CAM e guias cirúrgicos personalizados. Isso permite que o procedimento seja mais rápido, seguro e previsível.
Avaliações adicionais e implicações clínicas
O estudo também demonstrou que em aproximadamente 12% dos pacientes foram identificadas alterações que contraindicavam momentaneamente a cirurgia de implante, como cistos extensos, espessamento acentuado da mucosa e presença de sinais sugestivos de sinusite crônica.
Esses achados reforçam a necessidade de uma avaliação completa antes da intervenção. Em casos como esses, a conduta foi adiar o procedimento para tratamento da patologia subjacente, seguida de reavaliação tomográfica após resolução do quadro. Isso demonstra como a ferramenta é essencial não apenas para o planejamento, mas também para a conduta clínica e a tomada de decisão baseada em evidências.
A partir do estudo analisado, fica evidente que a avaliação tridimensional do seio maxilar deve ser considerada rotina em pacientes candidatos a implantes dentários na maxila posterior. Além de elevar a qualidade do planejamento, essa abordagem fortalece a segurança cirúrgica e potencializa o sucesso dos tratamentos.
A Fenelon Diagnósticos Odontológicos por Imagem dispõe da tecnologia para apoiar decisões clínicas mais assertivas e embasadas. Com um equipe especializada, estamos preparados para atender casos de diferentes complexidades com foco em precisão diagnóstica, conforme a indicação do cirurgião-dentista. Além disso, também confecciona guias cirúrgicos personalizados para uma cirurgia mais segura e previsível.
Quer aprofundar ainda mais seus conhecimentos sobre implantodontia? Leia também nosso conteúdo sobre a relação da espessura óssea e o planejamento em implantodontia. Boa leitura!
Referência:
[1] Gurusamy K, Duhan J, Tewari S, Sangwan P, Gupta A, Mittal S, Kumar V, Arora M. Patient-centric outcome assessment of endodontic microsurgery using periapical radiography versus cone beam computed tomography: A randomized clinical trial. Int Endod J. 2023 Jan;56(1):3-16. doi: 10.1111/iej.13837