Mucosa Palatina – Tomografia Computadorizada

Novo método avalia e mede a mucosa palatina por tomografia computadorizada de feixe cônico

A mucosa palatina, ou mastigatória, compreende a região do palato duro e a gengiva (com dois tecidos moles distintos) que circunda os dentes inferiores e superiores. Além disso, a espessura desta mucosa apresenta variações.

Em geral, a tomografia computadorizada não é indicada para avaliar tecidos moles, sendo uma ferramenta exclusiva para avaliar tecidos duros do complexo maxilofacial. No entanto,

há relatos de que a tomografia computadorizada de feixe cônico tem sido usada com sucesso para avaliar e medir o tamanho dos tecidos moles da unidade dentogengival, ou inserção supracrestal (formado pela gengiva, sulco gengival, epitélio juncional e inserção de tecido conjuntivo).

Os tecidos moles podem ser usados como retalho coronário avançado em cobertura total da raiz em certos tipos de recessões gengivais. Por isso, é tão importante conhecer suas medidas.

Um estudo objetivando a obtenção de um novo método para conseguir imagens de qualidade da mucosa palatina avaliou os cortes obtidos por tomografia computadorizada de feixe cônico. Os métodos e resultados estão a seguir.

Estudo das dimensões da mucosa palatina por tomografia computadorizada

O objetivo foi aplicar um novo método para obter imagens de alta qualidade por tomografia computadorizada de feixe cônico a fim de determinar as dimensões da mucosa palatina.

Materiais e Métodos

O estudo contou com 31 pacientes, dos quais a espessura da mucosa palatina foi retratada em imagens obtidas em quarenta cortes diferentes em cada paciente. A retração dos lábios e da bochecha permitiu obter-se medidas claras da espessura da mucosa mastigatória do palato.

Os voluntários apresentavam todos os dentes superiores, exceto os terceiros molares. Já os critérios de exclusão foram: ter sido submetido a uma cirurgia em tecidos moles, remoção de tecido da área analisada, histórico ou presença de patologia na região palatina, dentes com alterações morfológicas graves, desalinhamento dentário e perda óssea ou gengival observada em tomografias.

Resultados

Devido aos métodos empregados, observou-se que a espessura média da mucosa palatina

tinha 2,92 mm na área dos dentes caninos; 3,11 mm no primeiro pré-molar; 3,28 mm no

segundo pré-molar; 2,89 mm no primeiro molar e 3,15 mm no segundo molar. Salienta-se que certas diferenças foram observadas em diferentes alturas de medidas e idades.

Com exceção do canino, todos os outros dentes apresentaram maior medida da mucosa

(12 mm). A espessura da mucosa palatina foi semelhante em homens e em mulheres. Cabe mencionar que a margem gengival pode ser facilmente identificada em algumas imagens.

Conclusões do estudo

A tomografia computadorizada de feixe cônico mostrou ser método eficaz não invasivo para obter imagens de alta qualidade da mucosa mastigatória palatina em diferentes locais do palato.

Estudos anteriores para determinar a espessura da mucosa palatina

Por meio de pesquisas que aplicaram usaram a histologia convencional em mucosas palatinas de cadáveres para determinar a espessura da mucosa palatina. Nesses estudos, cada peça estudada apresentou variações na quantidade de áreas para a serem removidas.

Além disso, outros métodos invasivos foram descritos na literatura, como o uso de agulhas e sondas periodontais. Tais métodos apresentam uma grande desvantagem por requererem anestesia local, sendo, portanto, comumente realizada imediatamente antes da remoção do enxerto. Com isso não é possível fazer um planejamento pré-cirúrgico preciso do procedimento. Um método não invasivo usando ultrassom também já foi descrito, no entanto, este método não apresenta muitos resultados confiáveis.

Importância dos tecidos moles da mucosa palatina em odontologia

Como mencionamos no início, os tecidos moles da mucosa palatina podem ser utilizados para enxertos no próprio paciente. Ela é considerada a principal região doadora de tecidos moles usados para aumentar as dimensões da mucosa queratinizada em volta dos dentes e dos implantes. Dessa forma, ela cobre totalmente raízes expostas por retração gengival e aumenta a espessura da crista alveolar.

E ainda que determinar a espessura dessa região seja muito importante para prever o  melhor o resultado de vários procedimentos cirúrgicos odontológicos, a avaliação pré-cirúrgica da espessura da área doadora é pouco usada devido à falta de métodos confiáveis ​​para esse objetivo.

Conclusão

Em cirurgias que necessitam enxertos mucosos orais, a mucosa palatina tem uma grande aplicabilidade. E após o estudo apresentado, fica mais claro aos cirurgiões-dentistas a importância de solicitar como exame a tomografia computadorizada de feixe cônico para determinar a melhor conduta cirúrgica.

Barriviera M, Duarte WR, Janua´rio AL, Faber J, Bezerra ACB. A new method to assess and measure palatal masticatory mucosa by cone-beam computerized tomography.

Journal of Clinical Periodontology 2009; 36: 564–568. doi: 10.1111/j.1600-051X.2009.01422.x.