Radiografias Bidimensional Periapical, Panorâmica Radiografia ou Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico Tridimensional na detecção de lesão periapical após tratamento endodôntico: qual a ordem de eficácia? Veja o resultado de 3 estudos!
A imagem radiográfica é um recurso comum para diagnóstico, tratamento e prognóstico endodôntico. Radiografias periapicais bidimensionais (2D) e panorâmicas digitais geralmente mostram distorção da imagem; esse assunto foi resolvido com o surgimento da tomografia computadorizada de feixe cônico (CBCT) tridimensional (3D).
Esta revisão examina a precisão de várias técnicas radiográficas na avaliação da lesão periapical após tratamento endodôntico. Nosso objetivo foi determinar se uma radiografia 2D (periapical ou panorâmica) é tão precisa como uma radiografia 3D (ou seja, tomografia computadorizada de feixe cônico) na avaliação da lesão periapical após o tratamento endodôntico.
Para isso, nós pesquisamos os bancos de dados eletrônicos Medline e Cochrane e os registros de ensaios para estudos em andamento. Nós incluímos estudos retrospectivos e prospectivos comparando a eficácia da cicatrização periapical com várias técnicas.
O resultado foi a porcentagem detecção de lesões periapicais e avaliação da cicatrização periapical após tratamento endodôntico. Todos os dados foram coletados usando um formulário contendo:
- ano de publicação;
- país de origem;
- desenho do estudo;
- número de participantes (pacientes);
- número de dentes avaliados;
- dados demográficos dos participantes;
- configuração do estudo;
- técnicas utilizadas para teste de índice e teste de referência;
- detalhes dos resultados relatados, incluindo método de avaliação;
- tempo(s) avaliado(s).
Além disso, avaliamos o risco de viés nos estudos usando a Ferramenta Cochrane para testes diagnósticos (QUADAS). Julgamos dois estudos como de baixo risco e dois de risco moderado.
Embora houvesse uma diferença na porcentagem de detecção da eficácia da cicatrização periapical por várias técnicas radiográficas, todos os estudos relataram que a CBCT teve maior precisão na detecção de lesões periapicais em comparação com a radiografia periapical e panorâmica. A segunda melhor escolha é a radiografia periapical, seguida de radiografia panorâmica.
Continue lendo e entenda os resultados!
O que periodontite apical?
A periodontite apical (PA) é uma inflamação do periodonto causada por trauma, irritação ou infecção do canal radicular, independentemente de a polpa ser vital ou não. Ela representa a principal indicação para o tratamento de canal.
A maioria dos pacientes com PA é assintomática, o que pode atrasar o diagnóstico. No entanto, podem existir alguns sintomas como:
- dor na percussão ou palpação;
- sensibilidade ao morder;
- inchaço.
A avaliação do estado periapical por meio do exame radiográfico é importante porque pode ajudar a definir as necessidades de tratamento e relacionar os resultados da terapêutica a vários fatores técnicos e clínicos da intervenção endodôntica.
O índice periapical (PAI) é o método de escolha para fazer tal avaliação. Ele representa uma escala ordinal de cinco pontuações variando de nenhuma doença até a periodontite grave com características exacerbadas [1].
Aqui vale ressaltar que os principais objetivos do tratamento endodôntico são manter a função normal do dente tratado, prevenir ou curar a periocardite apical [2,3]. O exame radiológico é uma ferramenta importante na odontologia para exploração completa que ajuda a alcançar os objetivos mencionados acima.
Atualmente, há vários tipos de intervenções radiográficas possíveis. Confira!
Radiografia periapical
A radiografia periapical, por exemplo, oferece evidências importantes sobre a progressão, regressão e a persistência da periocardite periapical [4].
Ela corresponde a uma visão bidimensional (2D) de uma estrutura que é, naturalmente, tridimensional (3D) [5] e pode mostrar a quantidade de raízes e suas formas, a presença ou ausência de lesões periapicais, além da sua localização.
Em geral, as lesões confinadas no osso esponjoso não podem ser detectadas, enquanto aquelas com envolvimento cortical vestibular e lingual produzem áreas radiográficas distintas de rarefação.
Na radiografia a redução da densidade mineral só pode ser percebida quando a perda mineral atingiu entre 30 a 50% da perda mineral óssea [8], sendo vista pela característica radiolúcida.
Radiografia panorâmica
Trata-se de uma técnica radiográfica de plano curvo que obtém uma imagem por um movimento de rotação da fonte de Raios-X e receptor de imagem ao redor do paciente que fica parado.
Seu uso na lesão periapical propicia:
- identificação de marcos anatômicos;
- existência de patologia estendida à maxila, mandíbula e seio maxilar [6] — ou seja, é muito útil em estágios mais avançados.
- útil para diagnosticar problemas que acometem grandes lesões dos maxilares [9].
Tomografia computadorizada de feixe cônico
A TCFC foi projetada para produzir imagens em 3D do esqueleto maxilofacial, sendo indicada para o diagnóstico de patologias de origem endodôntica ou não, avaliação da morfologia do canal radicular, avaliação de fraturas de raízes e alveolares, análise de reabsorção radicular externa e interna e planejamento pré-cirúrgico em cirurgias de raízes [7].
As aplicações endodônticas específicas da CBCT envolvem:
- mudança de imagens analógicas para digitais e avanços na descrição da imagem e nos dados de aquisição de volume,
- geram imagens 3D detalhadas. Um exemplo: estudos demonstraram que até mesmo um cisto pode ser distinguido de granulomas periapicais na tomografia, pois mostra uma diferença marcante na densidade entre o conteúdo da cavidade cística e do tecido granulomatoso, favorecendo um diagnóstico não invasivo [10,11].
Estudos 1, 2, 3 e 4, respectivamente.
Estudo 1
Cada estudo avaliou lesões periapicais usando diferentes métodos de avaliação. Um estudo usou o PAI baseado em oito categorias qualitativamente onde a radiografia periapical detectou 69,5% das lesões periapicais e a tomografia detectou 91,3% das lesões periapicais [13].
Estudo 2
Outro estudo avaliou as lesões periapicais usando o sistema de pontuação PAI. Nele, a radiografia periapical detectou 35,3% das lesões, enquanto a radiografia panorâmica detectou apenas 17,6% e a tomografia identificou 63,3% da presença de periodontite periapical [14]. Conforme tabela abaixo.
Estudo 3
Outra avaliação usou um sistema de pontuação PAI modificado com um pontuação adicional de E (expansão do osso cortical periapical) e D (destruição do osso cortical periapical). Este estudo mostrou que a radiografia periapical detectou 40% e 60% de presença e ausência de periapical periodontite, respectivamente, em comparação com CBCT, que detectou 60,9% e 39,5%, respectivamente [15].
Resumindo:
- Radiografia periapical com as marcações E e D — detectou 40% e 60% respectivamente;
- Tomografia computadorizada com as mesmas marcações — que detectou 61% e 39%, respectivamente.
Estudo 4
No último estudo, a radiografia periapical identificou 10,4% de lesões cicatriciais e a tomografia computadorizada de feixe cônico detectou 13,9% delas.
Conclusão
Essa revisão apontou que todos os estudos demonstraram que a tomografia computadorizada de feixe cônico foi mais eficiente para detectar lesões periapicais após o tratamento endodôntico, seguido da radiografia periapical e, por último, da panorâmica.
Além disso, ficou evidente que o sucesso da TCFC também depende da familiaridade do profissional com a técnica e da sua capacidade de avaliar as imagens. Assim, combinar a radiografia periapical com tomografia seria a melhor alternativa para visualização e precisão. Futuramente, a pesquisa deverá voltar-se a melhorar a combinação de imagens (panorâmica, periapical e tomográfica) e algumas variáveis como experiência e familiaridade do operador para laudar as imagens radiográficas.