A tomografia computadorizada de feixe cônico altera o nível de confiança no diagnóstico e planejamento do tratamento?

Um tratamento endodôntico bem sucedido requer um diagnóstico tão preciso quanto possível, pois muitas vezes é muito complexo fazer o diagnóstico correto, por exemplo, sem as melhores imagens. Isso acontece porque para diagnosticar é preciso utilizar ferramentas, fazer testes de sensibilidade pulpar, percussão, checagem e ajuste da oclusão, além de associar equipamentos de testes elétricos, bem como solicitar exames complementares de imagem.

Mas quais serão os exames de imagem mais indicados? Será que uma radiografia periapical é suficiente para iniciar o tratamento, ou uma tomografia computadorizada de feixe cônico (ou volumétrica) pode alterar o planejamento do tratamento? Confira as respostas nas linhas que seguem!

Como ter um diagnóstico mais assertivo para o tratamento endodôntico em casos complexos?

As radiografias periapicais podem ser úteis em tratamentos endodônticos mais simples, no entanto, há casos complexos em que o fechamento do diagnóstico requer uma acuidade visual mais apurada. Nesses casos, é preciso contar com exames complementares com mais acurácia, como as tomografias de feixe cônico.

Apresentamos um estudo com um antes e depois de um tratamento endodôntico cujo tratamento foi realizado após planejamento com tomografia de feixe cônico.

Qual a diferença entre utilizar imagens bidimensionais e tridimensionais na endodontia?

Para diagnosticar lesões pulpares que requerem um tratamento endodôntico as radiografias periapicais (imagens bidimensionais) são acessíveis e possuem um baixo custo, entretanto, o exame bidimensional tem limitações2.

Os motivos são:

  • A falta das informações trazidas com as imagens obtidas em terceira dimensão (tomografia) pode prejudicar o diagnóstico preciso2,3.
  • A tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) é uma técnica tridimensional mais segura que as radiografias convencionais4.

Como foi o estudo que compara as radiografias periapicais e tomografia de feixe cônico no tratamento endodôntico?

Uma revisão sistemática comparou seis artigos que avaliaram o papel da tomografia de feixe cônico na tomada de decisão para planejar e tratar diferentes casos com um “antes e depois do tratamento”.

Um total de 240 respostas foram consideradas para análise de dados, com igual proporção para casos moderados e complexos. As respostas foram divididas em Q1 (radiografia periapical) e Q2 (tomografia computadorizada de feixe cônico).

Em 27,5% dos casos, houve maior confiança em fazer o diagnóstico com base na tomografia. Nos casos complexos, houve uma significativa diferença em relação à preferência quanto à utilização de tomografia no diagnóstico endodôntico.

Em resumo, 45,2% dos casos moderados e 55,3% dos complexos, os profissionais afirmaram que solicitaram a tomografia computadorizada de feixe cônico para complementar o diagnóstico de problemas endodônticos.

Além disso, o uso da TCFC mudou o plano de tratamento em 54% e 56% das respostas para casos moderados e complexos, respectivamente. Mais especificamente, a avaliação por tomógrafos apontou que grande parte dos endodontistas entrevistados mudaram a conduta de “acompanhamento do caso” para “abordagem não cirúrgica”, isso em 87,3% dos casos moderados e 92% para casos complexos.

Quando a opção de tratamento foi a opção por Q1, a “a abordagem não cirúrgica” foi a escolhida para 71% e 73% das respostas para casos moderados e complexos, respectivamente. A conduta permaneceu a mesma em Q2.

Todavia, o plano de tratamento mudou de Q1 para Q2, se o profissional pretendia adotar um tratamento mais invasiva. Nesse sentido, a “abordagem cirúrgica” foi escolhida em apenas 1 resposta em Q1 para um caso moderado, e a decisão permaneceu a mesma seis meses depois. Já a opção “extração dental” foi escolhida em 3 respostas para casos moderados e 14 para os complexos em Q1.

Contudo, houve alteração na conduta após a realização da tomografia computadorizada, sobretudo em casos complexos. Assim, 5 de 14 respostas mudaram de “abordagem clínica não cirúrgica” para “abordagem cirúrgica”.

Conclusão

O estudo mostrou que a confiança dos endodontistas em seus diagnósticos e, consequentemente, nos planos de tratamento — especialmente em casos complexos — aumentou no sentido de recomendar a radiografia periapical e complementá-las com a tomografia computadorizada de feixe cônico.

Ou seja, os profissionais consideram importante solicitar os dois tipos de exame na avaliação endodôntica na análise pré-operatória para decidir o método ideal de tratamento, como o acompanhamento semestral, a abordagem não cirúrgica e o tratamento endodôntico.

Acesse o artigo científico para informações mais detalhadas:

Can Cone-beam Computed Tomography Change Endodontists’ Level of Confidence in Diagnosis and Treatment Planning? A Beforeand After Study

Referência

Can Cone-beam Computed Tomography Change Endodontists’ Level of Confidence in Diagnosis and Treatment Planning? A Beforeand After Study

Ana Márcia Viana Wanzeler,M Sc, Francisco Montagner, PhD, Henrique Timm Vieira, MSc, Heraldo Luis Dias da Silveira, PhD, Nadia Assein Arús, PhD, and Mariana Boessio Vizzotto, PhD

Dr. Maurício Barriviera
Prof. Dr. Maurício Barriviera – CRO DF 4839
Doutor em Ciências da Saúde – Radiologia.
Diretor Técnico/Proprietário do Grupo Fenelon – Diagnósticos Odontológicos por Imagem.
Como revisor científico da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica – SBPqO, tem se destacado como atuante no campo de pesquisas odontológicas.
Foi presidente da Associação Brasileira de Radiologia Odontológica e Diagnóstico por Imagem – ABRO – na gestão 2020/2023.