Lesões apicais e sinusite: existe relação entre ambas?

Sinusite é uma inflamação que acomete os seios nasais, situados em volta do nariz e dos olhos, gerando sintomas como dor de cabeça, secreção nasal e sensação de peso no rosto. Geralmente, ela é associada ao vírus influenza, contudo, pacientes odontológicos com lesões apicais são mais propensos às patologias do seio maxilar. Continue lendo e entenda!

Por que as lesões apicais podem causar sinusite?

Estudos1 indicam que aproximadamente 10% a 12% dos casos de sinusite são causados por infecções odontogênicas devido às infecções nas raízes dos dentes posteriores adjacentes ao espaço do seio maxilar.

Isso acontece pelo transporte de micro-organismos de tecidos periapicais infeccionados, podendo levar à sinusite crônica.1

Quais fatores aumentam os riscos de sinusite?

As principais causas da sinusite por lesão apical se deve a:

  • problemas com implantes dentários4
  • doenças periodontais3
  • periodontite apical2
  • extração de dente5

A periodontite apical e nos tecidos ao redor são responsáveis por 83% de todas as causas dentárias de sinusite maxilar.2

Como diagnosticar que a sinusite foi causada por lesão apical?

Para ser considerada como sinusite, a espessura da mucosa deve ser superior a 2 mm.7,1,8. Mas qual exame solicitar? Radiografia panorâmica ou tomografia?

A tomografia computadorizada de feixe cônico (TC)14,15 é considerada o padrão ouro para exibir os seios paranasais. Assim, a tomografia gera imagens tridimensionais em corte transversal, eliminando a distorção e a superposição.17 Aliás, esse é um dos problemas da radiografia panorâmica, além de superposição das estruturas anatômicas, ampliação indesejada, bem como a falta da possibilidade de realizar uma análise transversal.

As raízes dos dentes posteriores superiores podem causar comunicações oroantrais devido à sua proximidade com o assoalho do seio.18

Como foi o estudo para chegar a essa conclusão?

A pesquisa incluiu 50 pacientes, nos quais foi empregado o teste Mann-Whitney U visando comparar as medidas das distâncias para correlacionar à patologia do seio maxilar. Bem como as diferenças de medições entre os sexos.

O teste Wilcoxon foi usado para comparar a menor distância vertical das raízes dos dentes superiores posteriores aos seios maxilares em radiografias panorâmicas e tomografia de feixe cônico.

Já o teste Chi-square Pearson determinou a relação entre o estado apical dos dentes nos dois tipos de imagem e também para analisar as relações topográficas das raízes dos dentes com o seio maxilar nos dois métodos de imagem.

Para efeito de diagnóstico, foram calculados os Odds ratio (ORs) e os intervalos de confiança (ICs) — sendo que o OR é uma medida da relação entre a exposição e o resultado. Nesse sentido, a presença de pelo menos uma lesão apical adjacente ao seio maxilar foi considerada como a exposição, ou fator de risco, neste estudo.

Quando as relações topográficas entre as raízes dentárias e o seio maxilar foram examinados, uma diferença significativa foi encontrada entre os resultados da radiografia panorâmica e tomografia computadorizada por feixe cônico (P <0,05). Notou-se que tanto na radiografia panorâmica quanto na tomografia, o segundo pré-molar foi o mais distante do seio maxilar e o primeiro molar esquerdo foi o dente mais comumente visto dentro do seio maxilar. Vale mencionar que para fazer a radiografia é necessário manter plano horizontal de Frankfurt paralelo ao chão. Este protocolo aumenta confiabilidade do método de radiografia panorâmica por ser altamente dependente da posição da cabeça dos pacientes. Se esta etapa for negligenciada, pode haver distorções ou alargamentos das imagens, prejudicando a medição adequada. As diferenças entre os diferentes métodos para diagnosticar a sinusite por lesão apical estão a seguir:

  • Tomografia computadorizada de feixe cônico — 41,8% no seio maxilar direito e 43,5% no seio maxilar esquerdo.
  • Radiografias panorâmicas — 49,8% no seio maxilar direito e 38,9% no esquerdo.

Quais as conclusões do estudo?

Em estudos anteriores enfatizou-se que o assoalho do seio maxilar e as raízes dos dentes molares estão intimamente relacionadas.11,21,22 No estudo apresentado nesse artigo, as relações entre o seio maxilar, os primeiros molares e segundos molares foram investigados.

Quando à comparação entre os aparelhos utilizados, na radiografia a orientação horizontal e os fatores de ampliação vertical de radiografias bem como as variações no posicionamento dos pacientes diminuem a confiabilidade das medidas das distâncias. Por isso, a radiografia panorâmica não é recomendada, sendo mais confiável a utilização das técnicas de imagem tridimensionais, ou seja, as tomografias computadorizadas de feixe cônico.

Acesse o artigo científico para informações mais detalhadas:

Comparison of cone-beam computed tomography and panoramic radiography in the evaluation of maxillary sinus pathology related to maxillary posterior teeth: Do apical lesions increase the risk of maxillary sinus pathology?

Referência

Comparison of cone-beam computed tomography and panoramic radiography in the evaluation of maxillary sinus pathology related to maxillary posterior teeth: Do apical lesions increase the risk of maxillary sinus pathology?
Arslan Terlemez, Melek Tassoker, Makbule Kizilcakaya, Melike Gulec
Dr. Maurício Barriviera
Prof. Dr. Maurício Barriviera – CRO DF 4839
Doutor em Ciências da Saúde – Radiologia.
Diretor Técnico/Proprietário do Grupo Fenelon – Diagnósticos Odontológicos por Imagem.
Como revisor científico da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica – SBPqO, tem se destacado como atuante no campo de pesquisas odontológicas.
Foi presidente da Associação Brasileira de Radiologia Odontológica e Diagnóstico por Imagem – ABRO – na gestão 2020/2023.